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"Cadê o açúcar, heim? Ah tá, achei.
Deixa eu tirar os biscoitos do forno...Deu. Ufa! Vamos?"
Eu sou muito atrapalhada, tenho que admitir. Pelo menos deu tudo certo.
Agora eu preciso tomar cuidado com as escadas.... se...(unf!) não..................... "waaaaaoooohh!!!!"
"M...mestre Vince...?"
Por sorte, meu senhor conseguiu pegar a bandeja. Imagina se eu derrubo tudo no chão, ou pior, derrubo em cima dele?
"Você está bem?"
Disse ele para mim, enquanto me ajudava a se levantar com uma mão e segurava a bandeja com a outra.
"Quantas vezes eu vou ter que te dizer? Há anos você tropeça nesta escada! Peça ajuda nossa, nós estamos aqui pra isto."
Mestre Vince sempre foi um bom senhor. Ele me defendia do Mestre Danillo, ficava do lado do meu leito quando eu adoecia, costumava contar histórias para mim dormir quando eu era pequena, tudo isso sem contar quando ele me ajudava na cozinha! Eu nunca conheci meus pais, mas ele foi a pessoa mais próxima de um pai para mim...
Meus pensamentos foram interrompidos quando ele questionou:
"Então? Perdida nos pensamentos denovo?"
"Ah, nada não! Disculpe senhor! Prometo que serei mais cautelosa na próxima!"
Eu corri em direção á sala, já que a gentileza do Mestre Vince sempre me deixava sem graça. Eu sei, é falta de educação fazer isto, mas eu estava ficando vermelha lá!
Lá estava todos eles: Mestre Danillo de pé diante da lareira, com uma taça de vinho na mão; sentada confortavelmente em um sofá estava Mestra Audree que, como sempre, estava lendo um livro sentada e gritando com seu acompanhante, Mestre Khaoz, lendo um livro de piadas, enquanto gargalhava alto. Ele parecia mais como uma distorção de sua não tão concentrada amiga. Em uma mesa, estava Mestre Oliver, devorando - no modo mais literal da palavra - três maçãs, que estavam ali de enfeite. Em um canto estava Mestre Haruko, que olhava o impulso do faminto colega em tom de desaprovação. Mestre Raul, como sempre, apenas ria.
Mestre Ban, como sempre mantendo sua postura séria, estava naquela poltrona confortável, onde eu nunca, de jeito nenhum, deveria sentar. Era o assento do líder.
De um corredor lateral chegara Mestre Amaroo, com um enorme saco. Desde o início de minhas férias ele não aparecera mais. Voltara para sua terra, a Austrália, com certeza. Será que é bonito lá?
Junto com ele viera também Mestra Emma. Ela, como sempre, acompanha-o em suas viagens. Me pergunto se algum dia haverá romance entre os dois (se é que já não existe).
"Deixe-me ajudá-la com isto."
Dissera Mestre Theryus. Eu não notara que ele estava ali, do lado o tempo todo. Tomei um susto. Todo aquele tanto que Mestre Vince me deixava sem jeito, Mestre Theryus superava. Mas enquanto um me lembra um pai, o outro me lembra algo mais... íntimo.
Tenho vergonha de admitir, mas ele realmente me deixa de pernas bambas. Sua idade é muito parecida com a minha, e ele é gentil, amigável, lindo... Droga! Mais uma vez me perdi em meus pensamentos! Ele aguarda minha resposta com um sorrizo que me lembra o doce e inocente expressar de uma criança. E é justamente isso que me encanta nele.
Mas o tempo é curto. Enquanto eu estou sem reação, ele já pegou a bandeja e a deitou sobre a mesa. Avoidamente, Mestre Oliver pega um dos pãezinhos que estavam na bandeja, colocou-o por inteiro na boca (nunca vou entender como ele não é uma bola de gordo) e virou-se para prestar atenção no amigo visitante, com metade do pão para fora da boca, pendurado.
E eu ainda estou lá, imóvel, delirando em pensamentos (devo admitir, um tanto obscenos), de costas para o corredor de onde eu vim. Meus mestres estão distraídos, amontoando-se em volta do recém chegado amigo, sentado no centro do sofá onde está Mestra Audree e Mestre Khaos em cada lado.
"Pequena menina! Aí está você! Aproxime-se!"
Confesso que nunca vou entender Mestre Khaoz. O jeito de se portar... de falar e, especialmente, de me CHAMAR, no mínimo me assusta.
Heh, pequena menina...
E sigo em direção à eles.
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