quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Aquela Menina - Parte 2

Bem, eu vou descrever ela dos pés à cabeça, pra você entender do que eu falo: AllStar Vermelho (não sei se são vermelhos ou mancharam pela poeira enferrujada das placas), calça jeans rasgada no joelho (deve já ser rasgada, não do tombo), um cinto solto do lado esquerdo, uma camisa branca (agora com um tom de ferrugem), uma munhequeira preta no pulso direito, pele quase tão clara quanto a Ana Sophia e um boné fixando o penteado loiro, agora já um pouco bagunçado.
Eu poderia dizer que eu a pressionei sob o porquê de ela estar ali.
Mas eu sou homem.
Um homem de 21 anos e ainda virgem.
Ela caiu numa posição no mínimo... Provocante.
As pernas bem abertas.
Não, eu não a estuprei só pra responder o que vocês podem ter pensado. Mas imagine quantas indecências passaram pela minha cabeça ao ver aquela garota - que provavelmente deve ter há pouco tempo completado 18 aninhos - naquele momento.
Sim, você pode estar aí pensando “Eu não sou/Não conheço nenhum homem que pensaria em sexo quando conhece uma garota”. Ah, vai por mim, COM CERTEZA seu marido/namorado/melhor amigo pensou coisas sujas quando te conheceu. Se não, ou é gay, ou é fresco ou é chato. Se for os três juntos, estamos falando do Daniel.
-Aaaaii... - diz a vozinha doce da menina machucada.
Me perdi nos meus pensamentos (alguns bem safados, verdade) de novo. Tenho que agir rápido, ela deve ter se machucado um bocado.
Corri até ela e me agachei para poder ajudá-la.
- Você tá legal?-
- Eu... Eu tô bem. Cai fora!-
Claro que ela não tava legal. Tinha um corte derramando sangue de seu joelho rasgado, e quando ela forçou para se levantar, caiu novamente.
Deve der caído em cima da perna.
Não há tempo. No galpão dos guardas tem um kit de primeiros socorros.
- É melhor eu te levar antes que você suma por estes entulhos e pegue... TÉTANO!-
Isso seria algo que Davi falaria, mas ela riu. Um sorriso meio irônico, mas mesmo assim ponto pra mim.
Antes que ela pudesse fazer qualquer coisa, eu a puxei ela e a segurei no colo, com ela se debatendo, gritando que eu a soltasse.
- Sshhhh... Se meus amigos te pegarem, você vai se ferrar legal. - Explico.
- E eu já não tô ferrada, imbecil?- Ela rosna.
Imbecil. Essa é nova pra mim. Antes era só inútil. Devo estar evoluindo.
-Primeiro – Esfrego na cara dela - Pelo menos não sou eu que tá todo quebrado. Segundo, você NÃO vai estar ferrada se você for uma boa menina. -
- Vai fazer o que? Me estuprar agora que eu não posso me defender?-
- Olha, por mais que você seja uma mina muito linda (e gostosa), você... Não faz meu tipo... -
Mentira descarada, claro. Eu tava babando por ela ali.
-Por enquanto vamos cuidar disso. Depois a gente decide o que faz com você. -
Ela se aquietou. Eu corri com ela no colo. Não por ela estar machucada, mas mais por eu não estar mais aguentando. Graças a deus ela não é muito gordinha e eu consigo segurá-la. Mas disfarço firmeza.
- Obrigado, tio... -
Ela diz baixinho. Quase pra dentro.
- TIO É O CACETE!- Me faço de ofendido. – PRA SUA INFORMAÇÃO, TENHO SÓ VINTE E UM ANOS! E me chame de Bernardo. -
- Monique - Ela disse com um leve sorriso.
Chegamos rápido no armazém. Arthur e Caio ainda estão na ronda, e o Davi claramente dormiu lá em cima, tanto que não desceu ao armazém para checar o que eu estava carregando.
E foi assim que eu conheci a minha maior razão pra dores de cabeça (depois do Daniel, claro).
Foi assim que eu me apaixonei.
Por sorte, ela não quebrou nem deslocou nada. Fora alguns cortes de leve e roxões, ela tava inteira. Nada que uns bons band-aids não resolvam.
- Pois é... Parece que cê tá legal agora. – Comentei.
- Eu não falei?- Respondeu a áspera língua dela.
- Bem, o que vamos fazer com você agora?- Ela deu um pulo. Deve ter pensado que eu esqueci daquilo. – Cadê seus pais?-
Ela entrou em desespero e pulou da cadeira onde tava sentada.
- Não, por favor! Não me manda de volta pra casa... Se ele me pegar... Bem... -
- Como assim? Ele quem?-
Meu instinto me condenou depois por ter feito aquela pergunta. Mas sentia que, se eu a mandasse sem mais nem menos pra casa, nunca mais a veria. E, cá entre nós, não era bem isso que eu queria EXATAMENTE.
-… Acho que... Acho que agora não vai doer mais. Nada que um pouco de gelo não resolva.
Ela riu. Era algo lindo demais de se ver. Sério. Acho que eu já estava de quatro por ela naquele ponto da conversa. Mas tenho que demonstrar um pouco de maturidade. Se pá ela gosta.
-Então... O que faremos com você agora?- Perguntei, meio que pra mim mesmo, mas mesmo assim ela que respondeu.
-Simples. Me libera que eu esqueço que você não tirava os olhos dos meus peitos.-
Aham. Eu corei ali.
E ela riu. Tava pintando um clima.
Era o momento certo, ou eu nunca mais poderia pegar ela. Fui me aproximando devagar, e ela retribuiu o afeto, trazendo seus lábios rosados pra perto de mim.
-...Tá na hora do meu saco de rosquinhas! - E entrou pela porta o Caio. Filho da puta.
Ela se afastou, mas mesmo assim ele nos pegou no “quase ato”.
- Porra, é só eu sair daqui e isso vira um puteiro? Porra Ben, de novo? Não sabe que se o chefe descobre que tu trouxe mina pra cá vai sobrar pra ti? Porra, cadê teu profissionalismo, cara?
Caio e sua mania de puxar um “porra” a cada frase.
- B... Bem... tá na hora de eu ir...
-Não, fica- Eu disse.- Caio, cai fora.-
-Tá, tá- Ele levantou os ombros e voltou à porta de onde veio, me dando as costas, balançando a cabeça baixa e os braços abertos, em sinal de decepção.-Só não diz que eu não te dei um toque... -
Estavamos sós de novo.
-O-onde estávamos mesmo?-
Ela riu. Me chamou docemente de bobo, e dessa vez foi ela quem trouxe o rosto.
Aquele foi o momento, de longe, mais gostoso de minha noob vida. Aqueles lábios, frios por causa da noite, roçando nos meus, ficarão na minha cabeça pelos próximos dias.
Ou, pelo menos, até que eu ACORDE...
Mas nem tudo são flores. Logo, ela, bancando a vilã, afastou sua boca da minha e, em seguida, seu corpo do meu.
- Disculpa... eu realmente tenho que ir...-
Sons de carros parando e frente à fábrica atrapalhou as desculpas dela. A alta e aguda sirene anuncia: Polícia.
Quando me viro para voltar com uma resposta para ela, ela não estava mais lá. Claro né, se ela estava fugindo de algo, claro que a polícia só atrapalharia, não é?
Enfim, a polícia chegou e eu estou sozinho denovo...

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