=========Em Algum Outro lugar=======
É um aposento escuro. Nuvens trovejantes clareiam da janela, indicando o quão maldito é aquele lugar. A única iluminação vem dos seus raios e mesmo assim o mais negrume breu deixa a sala praticamente às trevas. Um leve vulto parece se distinguir por entre a escuridão. Está sentado em um trono e parece estar rindo sozinho. Sua risada é perversa, sádica e altera seu volume de tempos em tempos.
Ele está tão distraído em sua risada que não nota a aproximação de um outro, um ser pequeno (possívelmente uma criança) encapuzado, usando uma máscara. Só percebe que está acompanhado quando seu nome é proclamado.
-Emperador Azamael?-A voz vinda da máscara lembra muito a voz de uma criança mesmo. Ao ouvir seu nome, o emperador negro parou de rir. -Os FoBios massacraram as tropas de Khelkar. O que faremos agora?-
A porta atrás do garoto estava aberta. Das luzes do corredor via-se um homem alto de cabelos brancos compridos e lisos, segurando uma foice.
Não se via rosto do imperador. A escuridão não permitia isso. Segundos passaram e os três estavam quietos, imóveis. Os dois homens esperavam ordens do Imperador Azamael à sua frente.
-Nada.-
A resposta curta do imperador assustou os dois homens. Essa era a hora exata para atacarem! Mas... Por quê aquele homem não consentia?
-Mas senhor...- Tentou insistir o garoto.
Os olhos de Azamael começaram a brilharem. O garoto abaixou a cabeça.
-Sim, Imperador.-
E saiu à porta. O lorde negro voltou á sua risada insana na qual ele havera se confinado anteriormente.
- Kinneas, prepare as FoBios. Vamos atacar a capital. Não deixem que ninguém sobreviva.-
-Mas... o Imperador--
-O IMPERADOR ESTÁ LOUCO!!! E você é só um mero mercenário contratado. Não cabe à você questionar minahs ordens. Fui claro?-
-Sim, senhor.-
-Ótimo. E mande junto alguns de seus soldados. Esta batalha é importante!-
-Sim, senhor.-
E os trovões pareciam que não iriam cessar tão cedo naquela terra maldita...
======Khelkar======
Havia uma feira na cidade, pra ser mais exato, perto da praça onde o grupo havera se acordado no primeiro dia na capital. Crianças brincavam na praça, comerciantes expunham produtos aos interessados, enfim, a economia fazia acontecer.
A feira não era tão grande quanto as de Cyan, mas mesmo assim eram dignas de nota.
Em uma bancada de frutas e legumes estava uma bela donzela. Ela era doce como o mais saboroso brigadeiro em dia de chuva, linda como a mais bela rosa, e alegre como uma criança humilde. Tinha sempre um sorriso simpático lhe estampando o rosto, ela parecia comprar frutas. Brincava com o velho vendedor se "os legumes estavam mesmo frescos". Sua bondade e humildade fazia com que o comerciante não se irritasse com a piada, muito pelo contrário, ele levava na brincadeira.
-Ehhh... Perdão?...-
A garota quase deu um pulo, mas se virou, na direção de quem estava chamando sua atenção. Blaze e seu grupo.
-Vo... você é Midori Takara?...-
O líder do grupo estava corado por causa da beleza da moça. Ela deu uma risadinha tímida quando notou como ele havera ficado.
-Sim, sou. O que desejam?-
Mesmo sendo estranhos, ela continuava alegre e comunicativo. Era como se nada abalasse ela.
-O... O exército precisa de você...-
Ou quase nada. A expressão da garota mudou. O sorriso dela diminuiu e ela parecia desolada. Blaze se culpava por ter sido direto demais.
-Não posso, nem quero. Tem coisas mais importantes para mim e vocês já me tiraram demais!-
Ela estava irritada, arisca. Todos os mercadores olhavam para eles com olhar de ódio. Pareciam que iriam devorar eles com os olhos.
Mais uma pessoa entrou na conversa.
-Estes cavalheiros estão lhe encomodando, Midori?-
A garota se acalmou. O companheiro era grande, com uma barriga levemente saliente, ams não chegava a ser gordo. Ele estava acima da lona de uma barraca apontando uma flecha na direção deles. Arqueiro.
-Não, tudo bem, Neo. A gente já terminou aqui.-
Após estas palavras cheias de rancor ela se virou pra ir embora. O arqueiro, com um pulo, desceu da lona. Caui atrapalhadamente. A garota correu para ajudá-lo.
-Tudo bem com você?-perguntou ela.
-Aaaaii... Eu tô legal. Só caí de mal jeito.-
Ele esboçou um sorriso inocente e ela deu um pequeno beijo na testa dele.
-Você é um amor.-Disse ela, docilmente.
E virou-se para eles e disse, de modo rude:
-E não me procurem mais.-
Os dois foram embora. O grupo ficou sem entender nada sobre a atitude da moça e sua bipolaridade que eles testemunharam.
-Vocês não deviam ter feito isso...-Disse o velho vendedor de frutas, que estava guardando o saco cheio de frutas ao qual a garota esquecera na sua banca.
Estava na hora de eles vivarem detetives.
-"Por...?"- Perguntou Hayato ao velho homem.
-Essa garota... Midori... É uma menina atormentada. Sua irmã já trabalhou com vocês sabia? É... Ela já foi do exército. Era uma dos trâs generais!-
-Não somos do exérci--
Blaze tentou explicar, mas foi cortado por Hayato.
-"Shhh... Deixe ele continuar".-
Mesmo assim, o velho seguiu com o assunto.
-Não foi o quê apareceu agora.-
-Senhor... Por favor, continue.-
-Certo.- Prosseguiu o vendedor.- A irmã de Midori, Kayaku... Bem... Ela perdeu o movimento das pernas e vive em casa, deprimida... O título de "General" deveria ter sido passado para esta jovem donzela, mas... Ele foi "conficado" por Kimi, que se tornou a nova general, alegando que Midori teria que se preocupar com sua irmã mais velha. Midori vive entre a distância de sua mãe e a reprovação do pai, âmbos punindo-a por não ter conseguido o posto. Mas mesmo assim, a garota passa os dias alegre, cuidando de sua irmã junto com Neo, que seu pai, mesmo rejeitando ela, contratou como guarda-costa dela. Pobre garoto... Tão atrapalhado quanto uma criança aprendendo a andar... Mas mesmo assim, mesmo depois de tudo o quê ela já passou, vocês vem aqui pedindo para que ela se torne um Cão do Exército!?! E ainda ficam sem entender o por quê de ela ser tão rude com vocês?!? Pensem... ela está ocupada demais com a irmã... sofre por pressão dos pais... Ela mêsma não se perdoa por não ser uma general... E VOCÊS AINDA QUEREM QUE ELA SE TORNE UM ESCRAVO DO CASTELO??-
Yama cutucou Blaze. Os outros mercadores e os seus clientes estavam olhando-os seriamente. Alguns estavam armados e se aproximavam lentamente deles. O velho terminou com um pedido:
-Por favor, pelo menos por enquanto não procurem por ela novamente!-
-"Vamos".-Disse Hayato.
-Mas -- tentou falar Blaze. Ele queria continuar. Lutaria se fosse preciso.
-VAMOS.- Repetiu Hayato. Não era um pedido. Eatava claro que, se fosse necessário, ele os abandonaria ali pra lutar contra os civis.
Blaze aceitou. Afastaram-se lentamente da feira.
-Então... O quê faremos agora?-perguntou Samantha-
-Eu não sei. Eu LUTARIA lá se fosse necessário.- Insistiu Blaze.
-"Isso seria insensato. Os civis iriam se rebelar contra o exército e o exército contra nós. No final, perderíamos."-
O invocado líder pensava que ele diria algo como "Nós, heróis, não lutamos contra o povo, e sim ao lado do povo". Pra dizer a verdade, fazia algum tempo que ele não se auto-proclamava HERÓI.
-Então, "senhor sábio", o que faremos agora?- Perguntou Blaze para Hayato, que estava sentado no meio da rua segurando o papel onde estava listado os nomes.
-"Simples. Vamos pro próximo.não havia uma ordem para procurá-los, certo?"-
Realmente, ele estava certo. Não foi dito que ela deveria ser a primeira a ser procurada só por estar no topo da lista.